domingo, 31 de março de 2013

Polêmica no tatame: aula de MMA para crianças divide opiniões

Pais e professores garantem que não há violência, mas psicóloga condena


O relógio marcava 18h quando entramos na academia Team Moraes, no Jardim Carioca. Em um tatame, 11 crianças (três estavam ali pela primeira vez) se aqueciam, concentradas. Começava ali a terceira semana de aulas de MMA (sigla em inglês para artes marciais mistas, em inglês) só para baixinhos. A iniciativa, pioneira no Rio, foi idealizada pelo professor Diego Moraes quando ele passava uma temporada no Mississipi, nos Estados Unidos, ensinando jiu-jítsu no centro de treinamentos de Alan Belcher, um dos principais lutadores do Ultimate Fighting Championship (UFC), o maior torneio de luta do mundo.

Moraes conta como o projeto, que batizou de MMA Kids, ganhou forma na Ilha:

— Estava me dirigindo para um treino com Belcher e parei ao ver uma aula divertida, com cerca de cem crianças. Os pais acompanhavam tudo atentos. Fiquei impressionado com a cena e achei que a iniciativa funcionaria no Brasil. Voltei e conversei com meus sócios. Um ou outro ficou preocupado, mas expliquei que os alunos não lutariam entre si, trocando socos e pontapés. Basicamente, simulariam os golpes.

O professor da garotada, Bernardo Guimarães, luva de prata no savate — graduação máxima do boxe francês — e faixa roxa de jiu-jítsu explica o principal conceito das aulas de MMA Kids:

— É um treinamento lúdico, visando à socialização das crianças. Esta é a nossa proposta. É claro que vou ficar satisfeito se sair um campeão daqui, mas, agora, o foco está no ensino do autocontrole e da disciplina. Quero, por exemplo, que quando o aluno ficar mais velho e chegar sua hora de procurar um emprego, ele saiba controlar o nervosismo e a ansiedade.

Guimarães, que já tinha experiência em aulas para crianças — ele ensina Biologia numa escola estadual —, diz ainda que o fato de o MMA estar fazendo sucesso na televisão o ajuda:

— Elas me surpreenderam. Achei que chegariam aqui cruas, mas, com a transmissão de lutas pela TV, já sabiam algumas posições.

Porém, há quem seja contra a iniciativa. Maria Luiza Bustamante, doutora em Psicologia Infantil e membro do Instituto de Psicologia da Uerj, não considera que as aulas de MMA sejam benéficas para a criançada.

— É preciso que fique definido qual tipo de luta será ensinado. Alguns, como boxe e suas variações diretas, não são indicados. Mesmo que não haja contato físico, há modalidades que não devem ser praticadas antes da adolescência. Outras formas de exercícios são mais produtivas e criativas. Essas aulas são contraindicadas para crianças de até 10 anos. Elas têm dificuldades para entender a diferença entre esporte e violência — afirma Maria Luiza.

Moraes, no entanto, cita os Estados Unidos para justificar seu projeto:

— Sendo pioneiro, sabia que estava sujeito a críticas. Nos Estados Unidos, aulas de MMA para crianças já são comuns. Aqui, elas vão aprender os movimentos, as posições e muitas brincadeiras relacionadas ao esporte.
Para os pais dos alunos matriculados na Team Moraes, a aula está aprovada.
— Vim assistir ao treino hoje porque o nome, MMA Kids, assusta um pouco. Mas vi que não tem problema algum. Estava até comentando com meu marido que, em casa, nossos filhos só sabem brigar, aqui, um está ajudando o outro. Gostei do que vi — afirma Luciana Portugal, professora e mãe de Luis Felipe e Maurício, de 12 e 8 anos, respectivamente.

O empresário Maurício Moreira, pai de Mario Souto, de 11 anos, dá força para o filho seguir no esporte:

— Meu filho começou a ver MMA pela televisão. Um amigo da escola se matriculou na academia e ele me pediu para vir treinar. Antes, conversei com os professores, perguntei se teria soco na cabeça, essas coisas. A resposta foi “não” e o coloquei na aula. A mãe apoia, agora ele chega cansado do treino e dorme mais cedo. E as aulas também vão ser boas para meu filho aprender a perder.

Natan Alexander, de 11 anos, conseguiu convencer a mãe a matriculá-lo e demonstra muita empolgação ao falar do esporte.

— Minha mãe não queria que eu fosse lutador. Hoje, está orgulhosa de mim — vibra o menino.


MMA para crianças: quais os riscos?

 

MMA para crianças quais os riscos

Você já deve ter reparado que a luta do momento é o MMA, ou Artes Marciais Mistas. O assunto virou tema de rodinhas e o campeão Andersom Silva virou o mais novo ídolo dos brasileiros. A fama do MMA está tão grande que já foram lançados livros, filme e até bonecos dos lutadores, sem contar que as academias estão lotadas por conta da procura pela prática do esporte. 

Com a repercussão mundial, o MMA está ganhando fã de todas as idades. E a grande preocupação são as crianças, que estão se interessando em praticar a modalidade. Um vídeo do Amenian Fighting Championship (ArmFC), da Armênia, encontrado na internet, coloca dois garotos, Minas Avagyan, de seis anos, e Hayk Tashchyan, de sete, lutando no octógono como se fossem profissionais.

Esse vídeo espantou muitos pais e grandes lutadores de MMA. Para Álvaro Junior, gerente técnico da academia Runner crianças não podem lutar MMA, mesmo sendo supervisionada pelos pais. "A criança, por melhor que seja a sua criação, tanto pela família quanto pela escola, não está preparada psicologicamente e fisiologicamente para assimilar as técnicas de combate do MMA. E se ela já tem uma noção de alguma arte marcial e já passou por todos as fases de treinamento, eu indico o MMA somente a partir dos 18 anos", defende.

Ana Pozza, psicoterapeuta familiar, de casal, adultos e adolescentes também discorda da prática do MMA por crianças e enumerou os danos que a prática pode causar nos pequenos:

1. A criança irá desenvolver a musculatura para além do que ainda é capaz de usar, e pode não ter noção da sua força e das consequências ao utilizá-la. Poderá machucar seriamente um amigo da mesma idade, sendo que somente conheceria as consequências dos seus atos após uma fatalidade, pela qual não tem condições de arcar. 

2. A criança poderá abusar do poder que a sua força e as técnicas de luta lhe oferecem, encontrando meios de liderar os demais amigos e usar de manipulações e violência, provocando até mesmo situações de bullying.
3. Como a luta desenvolve a competição, a criança poderá se sentir exigida a corresponder às expectativas que seu corpo e seu psiquismo não estão preparados, gerando um abuso físico do adulto que a leva a tal prática. Assim como um autoabuso, em que ela desejará superar a si mesma e aos outros, poderá gerar situações de baixa autoestima.
4. Dependendo da forma como for orientada, a criança poderá crescer com a ideia de que a prática da violência é uma forma de resolução de conflitos, ou mesmo crescer com a ideia de que competir é mais importante do que cooperar e aprender.

5. A criança pode participar de um grupo de luta no qual não consegue desenvolver-se tanto fisicamente e, em meio a crianças mais fortes, poderá se sentir constantemente diminuída, já que é uma prática em que a força é fundamental. Poderá então manifestar irritação e baixa autoestima e passar a lutar com crianças menores ou mais fracas para poder se sentir melhor e mais forte, buscando assim ser aceita no grupo da luta;

Por Marisa Walsick (MBPress)

Fonte: http://vilamulher.terra.com.br/mma-para-criancas-quais-os-riscos-8-1-55-1009.html

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FONTE: YOUTUBE




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